Discussão Dorense

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terça-feira, 4 de outubro de 2011

Cultura do Álcool

Anunciar que o nosso município está profundamente enraizado na “cultura do álcool”, para mim é de suma importância e grande tristeza.
Essa cultura está à frente de nossos olhos e já nos habituamos tanto a ela que não nos parece mais uma anormalidade, assim como já nos acostumamos aos noticiários sobre a violência no nosso país. O enorme número de bares, “botequins”, e outras coisas do gênero, para um município de apenas 8.000 habitantes, tornou-se uma caso de saúde pública e nem nos apercebemos diante dessa circunstância. Próximo à minha casa, a 1,5 Km, consegui contar 5 bares. E eles só continuam porque tem gente que os sustentem.
Os donos desses bares são ou fizeram parte da mão de obra desenvolvimentista da economia brasileira, colaborando para o enriquecimento capital e como proletários, precisam de uma renda extra para complementar o salário pequeno ou previdenciário, que por si sós não dão uma condição digna de vida. Eles só querem ter uma condição digna de vida e, baseado na realidade do município, vendo o que os sujeitos mais gostam, abrem logo um barzinho para complementar sua fonte de renda. O maior índice de venda de bebidas alcoólicas é nos finais de semana, mas existem os dependentes que são fregueses.
Existe aqui um pequeno “mas”. Pequeno que se torna enorme. A sociedade está viciada e não consegue se ver  fora mais desses costumes. Os bares se tornaram a referência nos finais de semana e não existe alternativa.
Nunca a bebida alcoólica foi tão difundida em Dores de Campos e no Brasil. Dados comprovam que 80% dos brasileiros têm tendências ao alcoolismo. Nossa cidade não passa de um espelho desses dados sociológicos.
Houve uma grande inversão de valores a partir do século XXI em nosso município, uma coisa muito bem observada. Crianças que outrora ocupavam sua infância com futebol, bolas de gude, pipas, queimadas, pegas, agora mudaram seu molde de vida. Houve um progresso (ou pode ser um retrocesso) moral na qual a infância do século XXI está moldada à juventude do final do século XX. Valores de adolescentes dos anos 90 foram “vestidos” pelas nossas crianças. Essas, hoje, principalmente aquelas em fase de pré-adolescência, fundamentam suas precoces vidas em namoros, celulares modernos, roupas da moda, e, em tons mais perigosos, no álcool e nas drogas ilícitas.
Mesmo por ordem judicial da proibição de vendas de bebidas alcoólicas em estabelecimentos para menores, o comércio continua. E o mais preocupante: vendem em plena luz do dia, sem a mínima consideração pela lei.
A família dorense deveria dobrar a educação aos filhos de forma bem solícita em relação à reflexão acerca das drogas lícitas (bebidas e cigarros). Exemplos para isso é o que não falta. É só dar uma voltinha com eles na rua no fim de semana e mostrar o que acontece com quem bebe.
Tanto o Serviço Social como as Políticas Públicas deveriam dar ênfase a esses problemas e procurar uma solução, através de projetos, demonstrando que é possível divertir sem bebidas alcoólicas. Promover eventos adequados para todas as faixas etárias, como circo, parque, teatro, cinema, etc.
Isso também é papel da Igreja. É de se perceber nas quermesses a venda de bebidas alcoólicas e presença de pessoas embriagadas, cometendo atos inapropriados para tal tipo de festa. Adolescentes têm livre acesso às bebidas, contrariando também a lei. As políticas organizacionais das quermesses têm de ser revistas, para o ambiente poder ser acessível à família e à sociedade.


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