Discussão Dorense

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terça-feira, 25 de outubro de 2011

ÉTICA NOS ANIMAIS



A vontade de atender ao próprio prazer vem com uma potência quantitativa, onde quando mais se satisfaz, maior é a ideia de felicidade encontrada, onde nem sempre é verdade. É comum vermos o consumismo degenerar a sociedade e ela própria, sem se dar conta, sabe disso, mas para ela pouco importa. Logo uma nova necessidade de prazer irá chamá-la ao consumismo e a outra, ultrapassada, será apenas uma folha rasgada e jogada fora.               
E isso se dá sem medidas das consequências. Isso relatado acima acontece com qualquer objeto, sendo inanimado ou um ser vivo. Prova disso? Prestem atenção nas queimadas na Amazônia: em troca da luxúria, não respeitam a árvore (como ser vivo e como parte integral da natureza), desmatando e sacrificando animais da floresta, como se fossem intrusos ou simplesmente, um nada como aquele quando olhamos para o universo no telescópio. A banalização da vida, isso sim. Sem bem que o homem nem respeita mais a si mesmo, imagina os outros...
Sim, leitores. Vim aqui porque tenho visto muitas coisas, boas e ruins e achei, FINALMENTE, um assunto interessante de reflexão para o blog.
A introdução acima é uma definição do assunto comentado abaixo. Isso tudo por uma cena vista todos os dias, desde semana passada.
Ao descer para o trabalho, cerca de 5:40 da manhã, me deparo com duas cadelas enroscadas uma a outra, em frente à Princesinha, tremendo de frio. Me lembrei que pouco tempo atrás aquela mesma cadela (a maior), estava rodeada de filhotinhos na pracinha. Agora só estava com uma, e bem maior. Me peguei pensando: será se algum dia teve um dono? Ainda hoje, terça-feira, vejo as duas no mesmo lugar. Tem uma marquise e parece ser mais quente, calculo eu, por estarem tremendo ambas.
Mas agora reflito com convicção: um cão solto na rua teve um dono um dia. Ele não é um cervo ou um leão, animais selvagens, perfeitos na natureza onde é seu lar. O cão é um animal DOMÉSTICO. Seu nome científico? Canis lupus familiaris. Viu? Tem até escrito “família” no nome científico (não que essa seja a causa, é só um trocadilho). Ele se adequou tanto a nós que mereceu o nome como um membro pertencente de um agregamento de humanos. É a partir daqui onde volto lá na introdução: o bichinho está querendo ser, independente de sua vontade, como um “bum”, daqueles sucessos que vem e vão. Vem, todos querem e estão satisfeitíssimos com a novidade. Cansa, ninguém quer mais e deixa de lado.
Tendências quando crescem muito, tendem a perder o controle. A internet, por exemplo. Com sua propagação e evolução, está passando por um lento controle ético, quase à beira de um colapso. Não se enganem ao verem na TV a Justiça investindo em crimes cibernéticos. Estão muito, mas muito longe do almejado. Tudo o que é “da moda”, passa. Pois é: moda agora é ter um cachorrinho em casa. Quantos milhões de reais estão rendendo os produtos pet? Muitos, isso garanto. E o cuidado com eles, aquele todo especial, próprio de um membro da família (Canis lupus familiaris), tem uma boa propagação?
Sim e não. Bom, não nego o esforço de programas como o da Luisa Mell, na Tv Gazeta, todos os domingos. Isso demonstra aquele controle ético, preocupados com a expansão modista dos animais de estimação. Porque? Apesar de termos muitas pessoas realmente preocupadas e interessadas em cuidar de seu bichinho como um autêntico membro da família, maior ainda é o número de pessoas inescrupulosas e viciadas naquilo que “é de momento”. Ou talvez nem isso: sentem-se superiores a qualquer animal e faz deles como um saco de plástico merecedores da lata de lixo. Acabam por matar ou, por sadismo, torturar o bicho por sentirem prazer que a vida deles está em suas mãos. A apresentadora, quando há denúncias, vai até o local, chama a polícia e mostra pro delinqüente o valor da vida animal, nem que seja por intermédio da justiça dos homens. Justiça há, apesar de não ser o esperado. Cabe, na maioria das vezes, multas pequenas ou prestação de serviços. Isso porque a mídia tá de olho, pois se não fosse assim, a Justiça não faria por onde preocupar.
Espero uma mudança dela frente a esses assuntos. No Jornal do SBT, às 5:00 da manhã, deu uma notícia surpreendente e animadora. Com a expansão do comércio de animais domésticos e da utilização cada vez maior de animais selvagens em circos, a Casa Legislativa Federal entrará com um projeto de lei que protege os animais sob qualquer circunstância. Sim, teremos leis em favor dos animais. Não será somente uma questão moral, mas judicial também. A filmagem de um circo por um celular ( não me lembro da cidade), mostradas no jornal, eram desesperadoras e chocantes. Me deixaram super tristes e fui para o trabalho muito aborrecido: cachorros eram socados com toda força, elefantes espetados e muito machucados. Um leão levava cassetada na cabeça com um porrete. Isso tudo fazia parte do treinamento para a apresentação circense. Foram imagens fortíssimas.
Dois filósofos trataram sobre a questão dos direitos animais: Peter Singer e Tom Regan. Eles criticam o especismo e defendem direitos básicos para os animais, como a vida, por exemplo.  Peter Singer diz que o especismo é uma forma de racismo ou machismo frente aos animais. Tom Regan, na mesma linha de Singer, defende que os animais devem ter direitos básicos, assim como os seres humanos têm. Os animais devem ser considerados neles mesmos, não em relação que tem com os humanos como um todo participante da natureza. Eis o resumo das idéias dos “filósofos dos animais”.
Deve ser o nosso papel pensar para o animal, sendo nós racionais. Devemos raciocinar para eles sendo nossos desejos similares pois um animal almeja viver como nós, e cabe aos humanos a obrigação de lhes dar um estatuto de respeito e igualdade até. Já viram um bebê com um mês de vida se alimentando por si mesmo, em luta pela sobrevivência? NÂO. Os filhotes dos animais com um mês de vida já se desprendem das mães e vivem na natureza, em busca de seu próprio sustento. Com esse argumento, deixo uma questão reflexiva: será o “animal” inferior ao homem ou não é meramente um raciocínio ortodoxo humano de superioridade por se considerar pensante?                                                                                 

2 comentários:

  1. Com certeza os animais merecem o mesmo respeito que nós! E é uma ótima notícia saber que eles agora terão leis para defendê-los (pensei que já existisse). Tive a oportunidade de conhecer o pensamento de alguns filósofos em relação ao assunto, e realmente a ética do homem corresponde à dos animais. Assim como os seres humanos, os animais tem suas razões de agir (instinto), e precisamos entender isso pois se trata da natureza deles. Agredir um animal é covardia, pois é negar a essência dele, é não compreendê-lo. Ninguém é obrigado a gostar de animais, mas compreensão é o mínimo que um cidadão de respeito pode ter para com estes seres. Mais que isso, é praticar a caridade e ter compaixão.

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  2. Pois é, Gênesis. Nós como seres racionais temos a obrigação das responsabilidades frente à fauna e a flora. Não é com pensamentos especistas que seremos alguma coisa. ALiás, nunca fomos superiores a nada. Cada qual com sua aptidão: para a árvore, fotossíntese e oxigênio, ao leopardo, a velocidade, ao leão, a força e ao homem, a razão. Como pode uma aptidão ser superior a outra? Sim, isso é especismo.

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